O torcedor do Corinthians é maloqueiro e o torcedor do São Paulo é o playboy. Este comentário foi feito tantas vezes que virou uma das verdades do futebol. Qualquer pessoa pode até listar uma série de exemplos que ilustram a frase. Porém, uma pesquisa feita em parceria entre o Instituto de Pesquisas Uniban e a Informídia pesquisas esportivas na região metropolitana de São Paulo acaba com os rótulos de corintianos e são-paulinos.Os resultados da pesquisa estão em um novo produto, a Target Sports, que será comercializada para empresas ligadas ao esporte. A Invicto teve acesso a alguns resultados da pesquisa. O Corinthians é o preferido de 37,9% dos entrevistados nas classes A e B, e tem uma representatividade menor entres as classes D e E, com 31,7%. Já o São Paulo apresentou um grande crescimento nas classes D e E e manteve o bom desempenho nas classes A e B.
“A diferença do Corinthians para o São Paulo é menor nas classes A e B do que nas classes D e E, mas já existe uma grande concentração de são-paulinos nas classes D e E. Pelo próprio crescimento do São Paulo, é normal a torcida se espalhar por todas as classes”, afirma Rafael Plastina, da Informídia.
O crescimento do São Paulo, aliás, consolidou o clube como o segundo colocado na preferência do torcedor paulistano. O Palmeiras ocupa a terceira colocação, e a tendência é a diferença entre os dois clubes aumentar. O Corinthians lidera com alguma folga e o Santos é o quarto, bem distantes dos três primeiros.
A pesquisa mostrou também que, entre os entrevistados na faixa dos 16 aos 24 anos, a torcida do Tricolor é apenas 2,58% menor do que a do Corinthians, e 11,21% maior que a do Palmeiras. O Verdão tem uma grande concentração de torcedores na faixa acima dos 50 anos, quando empata com o São Paulo. Nessa faixa, o Timão está 24,51% acima dos rivais. O resultado pode ser reflexo das conquistas no início da década de 1990 com Telê Santana e Raí.
“A torcida do São Paulo é muito jovem, o que mostra que existe uma relação direta de performance e crescimento. O seu histórico de grandes conquistas é recente. Mas o clube tem que aproveitar esse período de vitórias para implementar uma série de ações. Tem que ser forte para aproveitar a plataforma de propaganda que é o título. Me parece que o departamento de marketing do São Paulo foi mais agressivo, atuante, participativo”, analisa Rafael Plastina.
A pesquisa apontou outros dados interessantes. A torcida do Santos na Grande São Paulo é pequena e concentrada nas faixas de 16 a 24 anos e acima dos 50. O resultado mostra a queda de torcedores no intervalo entre a aposentadoria do Rei Pelé e o início do ressurgimento do clube da metade para o final da década de 1990. O efeito Diego e Robinho ainda não pôde ser medido na pesquisa porque ela não foi feita com pessoas abaixo dos 16 anos.
A pesquisa mostrou também que o Flamengo é o quinto clube na preferência popular do torcedor na região metropolitana de São Paulo. Em seguida, aparecem empatados o Bahia e, surpreendentemente, o Atlético-MG.
A pesquisa
A pesquisa Target Sports será contínua. Os resultados apresentados em maio foram da primeira onda de entrevistas, que aconteceram em novembro de 2006. Foram entrevistadas 500 pessoas proporcionalizadas de acordo com o censo do IBGE de 2000. Até o final do ano mais duas “ondas” devem ser realizadas.
Além do time preferido pelos entrevistados, a Target Sports apresenta uma série de outros dados, como esporte favorito, lembrança de patrocinadores, hábitos pessoais de prática esportiva, programas e canais esportivos mais vistos, locais de busca de informação sobre esporte, entre outras coisas.
A Target Sports será comercializada em reports. O preço deve variar entre R$ 5 e R$ 70 mil, de acordo com a quantidade de informação pedida pelos clientes. “Nós queremos chegar a um grau tão específico a ponto de saber o percentual de cada torcida que acessa a internet, qual jornal lê, etc. São informações legais para os clubes e para os patrocinadores”, afirma Rafael Plastina.