O Projeto do Gasômetro e a Reforma de São Januário

REVISAR OS PROJETOS ATUAIS SERIA BOM PARA OS CLUBES E PARA A CIDADE
Conheça 3 erros de clubes brasileiros que podem ser repetidos em novas arenas brasileiras incluindo a do Vasco e Flamengo

Há mais de 15 anos venho estudando a área de Gestão de Estádios e Arenas no Brasil, sub área da Gestão do Esporte, ainda um pouco esquecida pelos institutos de ensino e pesquisa nacionais. Acredito até hoje que que grandes clubes devem ter sua própria arena. Isso amplia as fontes de renda, visibilidade e alinhamento com o torcedor. Em 2013, organizamos com apoio da Sport Infratech e a Trevisan Escola de Negócios, o 1º Fórum de Gestão de Estádios e Arenas em São Paulo, onde trouxemos os principais nomes do setor de Gestão de Arenas tentando fomentar a inovação e o networking como uma meta do evento. Repetimos o evento por mais 2 anos, a ultima no Allianz Parque. Porém resolvi parar, ao perceber que não havíamos conseguido promover a inovação desejada e gerar resultados que pudessem beneficiar o mercado nacional. A área ainda precisa amadurecer mais pois ainda cometemos muitos dos erros que tínhamos antes da copa.

Grandes clubes devem ter sua própria arena

Pouco se tem abordado a temática de gestão de arenas e seus impactos sobre os moradores das cidades impactadas, mesmo após organizarmos um mega evento no Brasil, como uma copa do mundo da FIFA 2014 e construirmos dezenas de novas arenas. Apesar de termos vivido a famosa década dos mega eventos esportivos (Reis, 2017) ainda engatinhamos no que se refere a gestão de arenas esportivas. Segundo Amaral (2019) são poucos os trabalhos e pesquisas no Brasil que avaliaram os impactos e as transformações sociais na população local após a instalação de uma nova arena.  Coincidentemente agora, minha dissertação de mestrado atual na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) é justamente sobre impactos causados sobre os moradores e na região de uma cidade com a implantação de uma nova arena multiuso. Será este o tema da minha palestra no 15º Congresso de Gestão do Esporte deste ano, evento que irá acontecer em Santa Catarina. E por isso resolvi escrever este artigo não acadêmico com o intuito de contribuir, seja para os clubes que cito aqui ou para a cidade maravilhosa que tanto admiro. Porém, serei mais direto e menos acadêmico neste artigo.

Em 2007, tive o prazer de liderar um projeto para o desenvolvimento de um estudo de viabilidade para construção de uma arena de 80 mil lugares incluindo um shopping de 250 lojas para um dos grandes clubes brasileiros. O projeto foi polêmico na época, mas trouxe informações importantes para muitos conselheiros, mas prefiro não citar o nome do clube.  O projeto envolveu arquiteto, engenheiro civil e analista financeiro. O objetivo inicial era saber o montante necessário para o investimento, entender sua rentabilidade e viabilidade financeira. Na época não existiam padrões de qualidade ou segurança amadurecidos ou tecnologias de estádios como existem hoje. Praticamente tivemos que aprender tudo sobre o assunto na época e foi daí que nasceu minha paixão por gestão de arenas. O Brasil ainda tinha mais de 700 estádios velhos, com pouca segurança ou até mesmo iluminação. Hoje após uma copa do mundo, pouco evoluímos. Apenas 63% dos estádios possuem iluminação e isso não quer dizer de boa qualidade. Mais da metade deles possuem capacidade para menos de 5 mil pessoas (CBF, 2016). Ainda temos poucos profissionais habilitados para gerir arenas de médio ou maior porte e pior, ainda somos conduzidos por políticos principalmente antes das eleições. É preciso ter cuidado para avaliar projetos de grande porte. Grandes decisões devem ser tomadas após alguns anos de estudos ou corre-se o risco de obter enormes prejuízos e principalmente prejudicar a população das cidades.

Grandes Investimentos exigem cautela e cuidado e não deveriam depender de política em ano eleitoral

Tendo morado em 2023 no bairro Vila Izabel ao lado do Maracanã, por causa do mestrado, vivenciei os dias de clássico, não como torcedor, mas como morador da região impactada pelos jogos. Por isso conheço bem a região, a movimentação do local e o trânsito atual que liga o bairro a Rodoviária, sejam dias ensolarados ou chuvosos e as grandes marginais que cruzam a região, sempre sobrecarregadas, mesmo em dias comuns. Existe um fluxo gigantesco de veículos para se chegar a Rodoviária, vindo do Maracanã ou de qualquer outra parte da cidade. O mesmo acontece para se chegar no estádio de São Januário. Qualquer veículo parado pode causar um engarrafamento de quilômetros. Em dias chuvosos o problema é ainda maior. Exatamente nesta região, em um perímetro de 4km estão o Estádio de São Januário de um lado, a rodoviária de outro e no meio o tão falado terreno do Gasômetro. O Vasco pretende mais do que dobrar a atual capacidade de público da sua arena e 2,5km dali o Flamengo quer construir outro estádio de 80 mil lugares, acredite se quiser. 

O Maracanã viveu grandes dias de glória em jogos inesquecíveis, sejam da seleção brasileira ou mesmo em grandes finais do campeonato brasileiro. Possui uma estação do metrô que sempre ajudou a cidade e os clubes que jogam ali a receber um grande volume de público com baixo nível de impacto para a cidade, mesmo em grandes jogos. Apesar de tudo sua lucratividade ainda é baixa ou inexistente para jogos com volume de público inferior a 30 mil pessoas. Apesar da reforma, até hoje ainda se tem uma enorme área pouco utilizada no local. Uma área que não gera receitas para a cidade ou para os gestores do estádio. O estado e os prefeitos não conversam para fazer o complexo do Maracanã uma área mais rentável e útil aos clubes. Porém o Rio de Janeiro tem um benefício que os clubes de Minas Gerais não tem: Eles tem o direito de operar o estádio público. Em Minas este direito foi negado aos clubes antes da licitação. Porém a licitação carioca insiste em manter benefícios políticos inconcebíveis para terceirizar sua operação, diminuindo sua lucratividade, o que leva justamente os clubes a repensar a gestão do Maracanã. Eles deveriam ter revisto a licitação para diminuir estes erros e incluir nas regras que todos os clubes possam utilizar o Maracanã, incluindo o Vasco da Gama. Foram 2 erros que não deveriam ter sido repetidos. O Vasco tinha que ter revisado sua estratégia. Negociar com equilíbrio e olhos nas receitas permitiria o clube ganhar um espaço útil para grandes jogos. O  Flamengo e o Fluminense venceram recentemente uma licitação para terem direito a gerir o estádio por mais 20 anos. Apesar disso, o Flamengo está neste momento a pouco de investir mais de R$138 milhões no terreno do Gasômetro, para construir outra arena. É preciso refletir sobre todos estes projetos. Grandes investimentos exigem cautela e não deveriam depender de política em ano eleitoral. Por isso vou trazer aqui uma análise pouco considerada hoje sobre alguns erros que ainda insistem em aparecer em nosso país.

ERRO 1 : CAPACIDADE EXCESSIVA

Quando tive a oportunidade de estudar uma versão de estádio de 80 mil lugares ficou claro a dimensão enorme dos investimentos necessários ao projeto. Um pequeno erro no fluxo de caixa pode afetar muito a lucratividade por 20 anos. Sua estrutura fantástica necessita de um poderoso aporte financeiro para iniciar sua construção. Mesmo financiados, em um país onde a taxa de juros é gigantesca, o risco é enorme em médio e longo prazo. O material de construção e vigas metálicas estão sujeitos ao que acontece no exterior. Em um momento de guerra entre a Ucrânia-Rússia e Israel contra os terroristas há um risco de haver falta de material e aumento no custo dos insumos acima do esperado. Passamos para um momento ruim da economia onde o governo extrapola gastos públicos, o que aumenta a taxa do dólar.


Pesquisa Sobre os Novos Estádios Após a Copa (2013)

No início de 2013, Flamengo, Atlético-MG e Corinthians lideravam as médias de público no Brasileirão até então e continuam até hoje, o primeiro ampliou sua vantagem e os números, principalmente com a melhora na sua gestão e os títulos mais recentes. Apesar disso vem uma lição importante. Em um relatório que fiz em 2013 (Pesquisa Sobre os Novos Estádios do Brasil Após a Copa), antecedendo a copa do mundo FIFA 2014 e a finalização da Arena Corinthians, recomendei um tamanho máximo para algumas novas arenas a serem construídas no futuro. No relatório recomendei uma capacidade de 45 mil pessoas para o Atlético-MG e no máximo 50 mil lugares ao Flamengo.

Para o estádio de São Januário a recomendação era reformar para 30 mil lugares, se fosse possível utilizar o Maracanã. Para considerar esta pesquisa e o tamanho de suas arenas foi necessário primeiro analisar a média histórica de público dos clubes no brasileirão, onde médias acima de 40 mil pessoas por jogo, após 1990, só foram atingidas apenas pelo Atlético-MG e Flamengo, mas não ultrapassaram 42 mil até 2012. No gráfico podemos ver uma media de público dos clubes citados de 71 a 2012 analisando a média de público ano a ano no período. Podemos dizer que apesar de médias altas de público tanto o Corinthians quanto o Atletico-MG acertaram na capacidade de suas arenas. É importante observar que o Flamengo, Corinthians e o Atlético-MG contam com o benefício de ter em sua cidade uma arena com mais de 60 mil lugares para realizar jogos grandes. O Atlético-MG falha ao não utilizar mais o Minas Arena para jogos grandes. Clubes que tem um estádio grande e público na cidade não precisam de um estádio maior. Esta regra vale para qualquer clube em qualquer cidade no Brasil, mesmo sem estádio público grande. Sob a minha ótica, eventualmente (não sempre), o estádio maior ajuda na popularização do espetáculo se feito com cautela, de forma a não prejudicar a população local, mesmo que se obtenham os mesmos retornos financeiros de estádios menores. Estádios maiores tem rentabilidade menor devido aos custos maiores envolvidos, mas vale a pena manter o uso destes equipamentos em grandes jogos.

O custo de uma arena pode aumentar exponenciamente com o número de assentos

Os brasileiros ainda não aprenderam que não se precisa de arena para 80 mil pessoas uma vez por ano e sim um estádio com 100% de ocupação de 30, 40 e no máximo 50 mil pessoas em todos os jogos. Hoje em dia, somente os americanos são capazes de gerenciar bem arenas gigantescas. Os custos de operação são altíssimos. Nossa estrutura de gestão e promoção é insuficiente para isso ainda. É necessário manter os custos gerenciáveis ou eles sempre vão retirar a preciosa lucratividade. Ai vai um primeiro conceito: Em geral o custo de uma arena não aumenta proporcionalmente com o tamanho do estádio. O custo de uma arena pode aumentar exponencialmente com aumento no número de assentos. O mesmo princípio se aplica aos custos de operação. Claro que isso vai depender de cada projeto, arquitetura, tecnologia utilizada, localização e compensações a serem realizadas. Esta regra não é fixa, mas percebida, em muitas das novas arenas pelo mundo, principalmente nos EUA. Em resumo: O custo de uma arena de 80 mil lugares não custa 2X mais que uma arena de 40 mil lugares. Este custo pode ser de 3X ou 4X maior do que o esperado, pois exige-se mais capacidade para vagas de estacionamento, fundações, cobertura, iluminação, bares além da própria equipe para sua gestão incluindo aí as contrapartidas urbanísticas, de transporte e trânsito para acessar o local exigidas pela prefeitura. As chamadas contrapartidas e medidas compensatórias. E isso em geral tem sido esquecido por alguns construtores brasileiros.

Manter 50% de Ocupação numa arena é um crime para as Finanças de um clube ou Gestor

Manter 50% de ocupação em uma arena multiuso moderna é um crime para as finanças de um clube ou gestor. Vejam a Arena do Grêmio. Ela tem a capacidade de 55 mil lugares. Porém a média histórica de presença de público em jogos no Brasileirão já ultrapassou 30 mil lugares desde foi construída? Com certeza não. Certamente existe um nível de ocupação bem abaixo do ideal. Podemos observar este fato ocorrendo em várias novas arenas do Brasil. O Vasco da Gama e o Flamengo poderão cometer o mesmo erro do Grêmio. O Vasco planejou ampliar sua arena para 48 mil lugares. De 1985 a 2012, a média de presença em jogos do clube no brasileirão não ultrapassou 20 mil pessoas. Será que o clube precisaria mesmo de uma arena para 48 mil lugares? Analisando o local, acredito que hoje, bem gerido, com uma arena moderna, a capacidade ideal máxima de 35 mil lugares seria excelente para a rentabilidade do clube. Esta economia de 13 mil lugares pode ser utilizada para outros fins. Porém posso entender o problema do acesso ao Maracanã, mesmo assim a capacidade não deveria ultrapassar 40 mil lugares. A organização de eventos poderia ser uma ótima fonte de receita, buscando eventos de menor porte. E talvez aí seja o grande segredo da capacidade menor: Realizar eventos com menor custo. Nos dias de hoje construir uma Arena que não seja pensada para eventos de menor porte é um grande erro. E o Flamengo? Minha recomendação é a mesma de 2013, uma arena com capacidade máxima de 50 mil lugares, desde que consiga ser utilizada para eventos e de preferência, de preferência fora da região do Gasômetro (explicarei mais abaixo). O público consumidor de eventos com maior poder aquisitivo estão justamente na zona sul, talvez esta variável não tenha sido lembrada ainda.

ERRO 2 – POLÍTICA EM ANO DE ELEIÇÃO

Os clubes brasileiros têm sido marionetes de políticos desde sua fundação. Os presidentes políticos ou parceiros de longa data destes, quando chegam ao poder gastam o que não tem, deixando para o sucessor o fardo de ter que pagar as dívidas e construir um elenco competitivo. As dívidas atuais dos clubes brasileiros são o sintoma de parte desta politicagem. Muitos clubes com dívidas na casa do bilhão se vêm em dificuldades por terem sido usados por vários políticos. Praticamente todos os clubes do brasileirão passaram por este mal. Alguns tiveram que virar SAF para não entrar em falência. Somente o Flamengo e Palmeiras conseguiram arrumar a casa, e hoje lideram com merecimento as receitas do futebol brasileiro.

O Corinthians passa até hoje dificuldades para pagar a sua Arena. Quando visitei as obras de construção da Arena Corinthians aqui em São Paulo (Neoquímica Arena) logo ficou evidente  alguns excessos e espaços hiper dimensionados, materiais caríssimos para um estádio que ficaria para o clube depois da copa. Nem vou entrar no mérito dos erros da sua atual gestão. Vejo que algumas pessoas se beneficiaram mais do projeto do clube, do que o próprio dono. E isso aumentou muito o custo da Arena em São Paulo. O clube deve hoje mais que uma Arena MRV após 10 anos da sua construção.

Até mesmo a Arena MRV tem erros de dimensionamento do projeto que prejudicaram imensamente as finanças do clube. O Atletico-MG foi dirigido pelo ex-prefeito Alexandre Kalil durante muitos anos. Se utilizando de investimentos dos mecenas construiu o time que a ganhou a libertadores de 2013 deixando as dívidas para outro político, o sucessor Nepomuceno. Após a gestão do Nepomuceno e do seu outro sucessor, a dívida do clube atingiu quase R$1 bilhão. O Clube teve que virar uma SAF para não entrar em falência. Mesmo assim o ex-prefeito se usou do capital político para se eleger, mas não ajudou o clube em quase nada para buscar o licenciamento ambiental. Ele se posicionou contra o projeto. O clube ficou mais de 3 anos esperando para obter a licença prévia ambiental, para ser possível depois obter a licença de instalação, obrigatória para poder iniciar sua construção. Enquanto isso o custo dos materiais subiu bastante. E ai veio a Covid, o que onerou muito o custo da construção. Esta briga política piorou com o mal dimensionamento do impacto das obras de contrapartidas na região do entorno, hoje girando na casa de R$335 milhões de reais que devem ser implementadas até final de 2025 se o clube quiser manter a licença de operação. O político mineiro ganhou a eleição e depois perdeu capital político com os problemas gerados. O mesmo pode acontecer com o prefeito do Rio.

O Vasco da Gama também foi gerido muitas vezes por políticos que conduziram o clube a quase falência. O clube também teve que virar uma SAF para resolver os problemas financeiros. O clube vinha sonhando com a reforma de São Januário há décadas. O estádio antigo tem vários problemas estruturais e sua localização entra em conflito com as principais vias de acesso a cidade do Rio de Janeiro. Não há transporte público de qualidade para um fluxo bem maior de pessoas. O local a meu ver não deveria receber uma arena de 48 mil pessoas. É arriscado que os técnicos urbanísticos do Rio de Janeiro permitam a ampliação de uma arena para este nível há 500 metros da Avenida Brasil e junto a linha vermelha. Gestores responsáveis pelo clube e técnicos urbanísticos da prefeitura deveriam recomendar uma arena de menor porte. Quem ama o clube deveria desejar que o clube obtenha lucros e utilize bem o espaço. A melhor estratégia é não concorrer com o Maracanã em mega eventos, e sim abocanhar um nicho para eventos menores que tenham custos mais baixos, isso aumenta as chances de contratos com organizadores de eventos que buscam custos menores para sua realização que tenham inclusive facilidade de deslocamento e rápida montagem e desmontagem. Porém o prefeito parece querer colher votos apoiando os projetistas que maximizaram sua capacidade.

O projeto do estudo de viabilidade que trabalhei em 2007 foi bancado por empresários amantes do clube, mas eram da oposição. Posteriormente ficamos sabendo que havia um outro projeto de estádio para o clube em questão. Acredite ou não, o projeto oficial do clube teria a metade da capacidade estudada (40 mil lugares),  mas custaria o dobro do valor estimado por nós para uma arena de 80 mil lugares com shopping de 250 lojas. Ou seja, aparentemente o valor estava bem acima do ideal. Não por acaso, o clube que tinha um presidente político caiu para a série B. O clube que já tinha dificuldades para pagar os salários dos jogadores frequentou a 2ª divisão pouco tempo depois. Por sorte, o projeto oficial foi esquecido. Este aprendizado vale para o Vasco da Gama, Flamengo e até o Santos que também busca reformar sua atual arena.

O Maracanã hoje ainda carrega o fardo da politicagem desde sua reforma. Na sua licitação se exige que alguns camarotes sejam oferecidos a alguns políticos gratuitamente. Um absurdo a meu ver. Uma arena moderna com capacidade menor é capaz de trazer uma rentabilidade maior.  O sábio “Zico” já recomendou ao Flamengo uma arena de no máximo 45 mil lugares. E isso porque ele deseja bem ao clube. O Flamengo deveria repensar sua estratégia.

O terreno do Gasômetro era de propriedade de um fundo de investimento imobiliário chamado Porto Maravilha que a Caixa Econômica Federal era sócia e foi erroneamente desapropriado pelo atual prefeito Eduardo Paes. Os sócios haviam obtido junto a prefeitura a aprovação para a construção de torres de apartamentos no local. O terreno estava sendo dividido para ser melhor comercializado posteriormente para projetos imobiliários. No projeto haviam previsto circular no local, entre 3 a 5 mil moradores. Esta capacidade se alinhava bem com o Terminal Intermodal Gentileza onde a expectativa projetada é de receber para conexões até 130 mil pessoas (não exatamente ao mesmo tempo) interligando BRT, ônibus convencional e VLT. O prefeito Eduardo Paes conseguiu aprovação pela Câmara da reforma do Estádio de São Januário para 48 mil lugares na prefeitura e um mês depois decidiu, de maneira “abrupta”, obrigar que a Caixa e o fundo de investimento proprietários do terreno do Gasômetro fosse vendido ao Flamengo para que no local seja construído um estádio para 80 mil lugares. Ou seja, aparentemente o terreno receberá um público 20 vezes maior que o projeto anterior, o que pode causar uma paralisia total na cidade do Rio de Janeiro se medidas não forem adotadas. Para quem não conhece o Rio de Janeiro, o terreno está quase ao lado da Rodoviária. Em vésperas de feriado existe um travamento histórico de veículos nas vias de acesso que chegam e partem do local causado pelas saídas dos ônibus.

Se o Flamengo mandar 20 jogos e 10 eventos por ano numa arena de 80 mil no Gasômetro o Rio pode ter 30 dias de caos anual na cidade

Sem contar os feriados fora do natal e réveillon como carnaval, semana santa, Tiradentes, Dia do trabalho, Corpus Christi, Independência, Finados e dias de grandes eventos musicais e religiosos e outros eventos, o Rio de Janeiro já tem mais de 20 datas de partida e chegada da rodoviária que travam todo o trânsito na região anualmente e agora querem incluir uma arena de 80 mil lugares com no mínimo 3 datas mensais de jogos ao seu lado. Se o Flamengo mandar 20 jogos por ano em sua arena e mais 10 eventos numa arena de 80 mil no gasômetro o Rio pode ter 30 dias de caos anual na cidade, se os planos forem concretizados como estão. Não precisa dizer que a vida difícil do carioca se tornará impossível se este estádio for construído ali. Mesmo uma arena com no máximo 40 mil lugares no local causariam grandes transtornos.

Não precisa dizer que os políticos prejudicaram muito os clubes no Brasil. Porém a lição não foi aprendida pelos clubes brasileiros. O prefeito Eduardo Paes é responsável por conduzir as políticas públicas no Rio e deve ser responsabilizado pelo resultado delas. Haverá necessidade de contrapartidas gigantescas para o terreno do Gasômetro ser viável para o clube implementar um projeto no local, mesmo que a arena tenha a metade da capacidade, o que nos leva ao erro 3.

ERRO 3 – AS CONTRAPARTIDAS PODEM DUPLICAR O PREÇO DE UMA ARENA

Contrapartidas Esquecidas

É importante que a cidade do Rio de Janeiro atente-se para que promessas de obras de infraestrutura que beneficiam a cidade sejam cumpridas ou a cidade poderá ter enormes prejuízos. Várias arenas construídas para a copa ainda possuem obras de infraestrutura inacabadas até hoje (G1, 2022). Apenas 34,27% dos valores que foram previstos em obras de mobilidade urbana na “Matriz de Responsabilidades” para Copa do Mundo FIFA 2014 foram executados (Bondarik, 2018). Pela mídia encontramos mais alguns casos: Em Salvador, onde foi construída a Arena Fonte Nova as inundações em dias de chuva, não foram resolvidos até hoje. Em Cuiabá, mesmo com a Arena Pantanal, o saneamento básico continua precário. Em Fortaleza e Natal, ainda existem falhas na pavimentação e no saneamento básico que permanecem sem solução até hoje (G1, 2022). Abaixo cito alguns casos a serem analisados sobre isso.

Arena do Grêmio

Quando o Grêmio divulgou seu projeto de Arena há 10 anos atrás a prefeitura cobrou da OAS, uma das construtoras responsáveis pelo projeto R$44 milhões em contrapartidas incluindo as intervenções urbanísticas. Hoje estes valores são estimados em mais de R$200 milhões de reais mesmo após redução das contrapartidas. Este processo ainda está em pauta, porém os gaúchos não esperam receber estes valores a curto prazo.

Arena das Dunas

Segundo o que demonstra um dos raríssimos estudos acadêmicos sobre impactos de novas arenas construídas no Brasil, o número de impactos  positivos  e  negativos associados a construção do Estádio Arena das Dunas na região central do município de Natal, um dos estádios construídos para a Copa do Mundo FIFA 2014, o relatório ambiental simplificado utilizado no projeto não foi o suficiente para demonstrar a viabilidade da construção do estádio (Duarte, 2015). No estudo, ele analisou os impactos ambientais, sociais e econômicos associados ao projeto. Segundo o estudo, não foi utilizado o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental) fugindo as normas estabelecidas em âmbito federal (Conama, 1997). Em relação a opinião dos natalenses sobre a construção do estádio, houveram alterações na dinâmica da cidade, seja no trânsito e sistemas de drenagem do terreno.

Arena MRV

Outro projeto de nova arena que tem gerado polêmica até hoje é a Arena MRV, orçado em cerca de R$746 milhões em 2023. O conselho municipal do meio ambiente exigiu do clube 55 contrapartidas (Ribeiro, 2019) até final de 2025 que hoje ultrapassam R$335 milhões de reais. Ou seja, o mal dimensionamento onerou a obra em quase 50%. Podemos incluir ai a construção de um parque adjacente ao terreno, a construção de 2 passarelas, uma delas anexa ao metrô mais próximo, a duplicação de um viaduto que já foi concluído e uma enorme alça de acesso que cobrirá a BR 040 próxima a arena, esta última mais cara. Os projetistas do estádio contavam com apoio da prefeitura para obter facilmente a licença prévia ambiental para iniciar a construção e que as contrapartidas exigidas fossem menores. O apoio político não veio, como citei antes. Os técnicos do meio ambiente foram rigorosos na cobrança das contrapartidas, a meu ver de forma acertada. O clube optou pelo estádio próprio como forma de aumentar suas receitas e buscar sua viabilidade financeira a médio prazo. Eles se desfizeram de um shopping, localizado em ponto nobre da cidade, na época com valor de mais R$350 milhões com baixo nível de receitas para o clube para ajudar a custear parte do custo de uma arena própria e parte para diminuir as dívidas de curto prazo com bancos. Eles incluíram investimentos extras dos mecenas, naming rights, vendas de cativas e planejaram o pagamento das dívidas da arena até 2029. Na época (2018) a conta fecharia. Mas após anos de espera pela licença ambiental os juros subiram para 13% ao ano e veio a Covid. O clube precisou obter mais empréstimos e espera pagar isso até 2029. A meu ver a decisão foi acertada em possuir uma arena própria, pois uma arena bem gerida pode aumentar bastante as receitas do clube. Porém mal gerida pode trazer prejuízos enormes. Mas os gestores não perceberam que o fato do terreno da arena possuir uma área de preservação ambiental os proprietários teriam um risco enorme da construção ser barrada pelo conselho municipal de meio ambiente da cidade. Eu pessoalmente entrevistei o responsável pela aprovação das contrapartidas em meu projeto de pesquisa de mestrado, sobre o impacto da arena sobre os moradores do bairro e região. O Atlético-MG conseguiu solucionar o impasse ambiental criando o Instituto Galo transformando o projeto com fim social com aprovação de uma lei na câmara com este objetivo (CMBH, 2019). Porém as contrapartidas não foram concluídas até hoje e existe um impasse na maior obra. Estão analisando se o PAC vai executar a obra da alça de acesso na BR040. A obra nem foi iniciada ainda e o prazo limite é final de 2015,  mas ao menos o Instituto Galo já promove dezenas de ações sociais em benefícios a comunidade local e está trazendo muitos benefícios a comunidade atualmente, além da ampliação para os espaços voltados a prática do esporte e lazer. Porém, corre-se o risco novamente das contrapartidas não serem concluídas no prazo.

São Januário

O projeto de reforma de São Januário, estádio do Vasco da Gama foi aprovado em junho de 2024 na Câmara do Rio, através do Projeto de Lei Complementar 142/2023. Quando a decisão é política tudo é facilitado e agilizado, ainda mais em ano eleitoral. O mesmo efeito aconteceu em outros projetos de arenas no Brasil. O clube carioca pretende utilizar o potencial construtivo de um total de 197 mil metros quadrados não utilizado no local transferindo-o para diversas outras regiões da cidade, como a Barra e bairros da zona norte do Rio, respeitando as regras descritas no projeto. O projeto que hoje tem capacidade para cerca de 20 mil pessoas crescerá para 48 mil lugares, mais do que dobrando sua capacidade. Cabe lembrar que o estádio está apenas 4km da rodoviária do Rio de Janeiro e à mesma distância do Maracanã. Porém o estádio do Vasco não conta com uma estação do metrô próxima como tem o Maracanã. O fluxo de veículos vai dobrar no local e isso deve impactar bastante o trânsito em dias de jogos e pode afetar toda esta região da cidade pois está a 500 metros da Av. Brasil, a via expressa mais importante com maior fluxo viário do Rio pois recebe mais de 250 mil veículos por dia. Segundo projeto aprovado na Câmara do Rio (CMRJ, 2024) em junho de 2024 o projeto prevê recuperação de passeios, arborização, iluminação pública do quarteirão, segurança para a circulação do pedestre, restauração da fachada tombada e das demais fachadas do Complexo. O que chama mais a atenção é o alargamento da Avenida Roberto Dinamite desde a esquina da Rua Ricardo Machado até o entroncamento da Rua Coronel Cabrita. Justamente esta obra precisaria ser implementada antes do estádio começar a operar e vai exigir modificações em passeios, postes de iluminação e até derrubada de árvores em um longo trecho. Mesmo assim não achei modificações ou modificações a serem feitas na av. General Argolo para chegada dos torcedores ao local. Me parecem insuficientes as modificações que justifiquem dobrar a capacidade da arena. Há um risco de colapsar todas as vias de acesso tanto na chegada quanto na saída dos torcedores. A recomendação de diminuir a capacidade da arena, além de ser melhor para o clube, vai diminuir o risco de impactar menos a vida dos moradores da região.

A Primeira impressão é que a Prefeitura anunciou de forma precipitada a desapropriação do terreno do Gasômetro

Estádio no Gasômetro

Localização Ruim
A aprovação do projeto do Vasco, a meu ver, foi uma prioridade para o atual prefeito. Imagine agora que ele tenta casar a reforma de São Januário com um novo estádio de 80 mil lugares a 2,5 Km do estádio de São Januário e bem mais próximo da rodoviária do Rio de Janeiro. Se transportássemos este projeto para São Paulo seria como colocar uma arena de 80 mil lugares próximo a chegada da Dutra com a marginal Tietê a 2km do terminal rodoviário Tietê. A princípio a ideia parece ser uma loucura. O local escolhido não poderia ter sido pior para cidade do Rio de Janeiro. Fica a poucos metros da rodoviária da cidade já prejudicada em todas as épocas de feriados e em dias chuvosos. O Terminal Gentileza não tem conexão de metrô para suportar o enorme fluxo de pessoas que se deslocariam para o local sobrecarregando toda a rede de transporte da cidade, travando o fluxo de cidadãos que se deslocam entre as regiões da cidade. O terminal foi planejado para cumprir sua simples função de fazer a conexão entre as regiões da cidade. Quem chega de BRT pode ir para o centro de VLT. Para o projeto inicial do terminal Gentileza era atender, além do fluxo de passageiros que atravessam a cidade, os futuros moradores dos condomínios criados pelo fundo de investimento Porto Maravilha no Gasômetro terreno no qual a Caixa era acionista. Para o projeto original provavelmente se pensou num fluxo de até 5 mil pessoas diariamente. Mas o projeto não foi concebido para um estádio de futebol, ainda mais com 80 mil lugares. A primeira impressão é que a prefeitura anunciou de forma precipitada a desapropriação do terreno do gasômetro para evitar o risco da venda pois pretendiam dividir os terrenos para acelerar a sua venda que poderia chegar ao total de R$400 milhões. Não sei se estes terrenos valem tudo isso, talvez pouco mais da metade disso, pelo local ser bem fora da zona sul em localização ruim. Porém a desapropriação do terreno parece ter avaliado o local pela metade do preço, o que vai causar enorme prejuízo ao fundo.

Risco de Enormes Impactos Ambiental
Até agora não encontrei as possíveis contrapartidas que seriam necessárias a um projeto de estádio no local. Há um risco do conselho municipal ambiental da cidade exigir manter ou melhorar a permeabilidade do terreno atual além é claro de exigir a descontaminação do terreno que pode ultrapassar mais de R$10 milhões. Isso pode modificar totalmente as primeiras ideias de projeto apresentadas pois exigiria um alto nível de áreas verdes no local para não haver excesso de recarga no aquífero. Trazendo um projeto para uma realidade possível, podemos supor que o clube repense o projeto para uma arena bem menor.

As contrapartidas para utilizar o terreno do Gasômetro podem ultrapassar R$500 milhões de reais e são de responsabilidade do clube

Contrapartidas vão ficar caras
Talvez com grandes investimentos em contrapartidas, talvez fosse possível tal façanha, criando-se novas alças de acesso que desviem o trânsito para fora das vias atuais já totalmente congestionadas. Estou falando desde alargar algumas vias atuais utilizando até parte do terreno para isso até mesmo construir viadutos que conectem as vias atuais ao terreno, começando por um viaduto na av. Francisco Bicalho que chega a rodoviária para quem vem da zona sul e centro. O problema será para os torcedores que vierem do outro lado da cidade. Talvez seja necessário um viaduto anexo ao viaduto do gasômetro com ligação direta para o terreno.

As contrapartidas neste nível citado para utilizar o terreno do Gasômetro poderão ultrapassar R$500 milhões de reais sem contar a descontaminação do terreno. E elas são de responsabilidades do clube. E isso precisa ser incluído no plano financeiro. Em segundo lugar, com apoio da prefeitura, deveria haver uma enorme ampliação de circulação de BRT, ônibus e VLT em dias de jogos que devem obrigatoriamente ser diferentes dos dias de jogos ou eventos do Vasco da Gama. Porém, a meu ver, o local não suportaria um estádio de 80 mil lugares sob risco de paralisar o trânsito por toda a cidade em dias de jogos. Não compreendo por que o clube não utiliza alguma outra área disponível na Barra da Tijuca. Sairá mais barato ao clube, bom para a estratégia de eventos de médio porte e melhor do que insistir em colocar uma obra gigantesca em um local onde os torcedores teriam dificuldade para chegar. Em ambos os locais, o estádio não deveria ter mais que 50 mil lugares.

Conclusão

Percebe-se que os gestores atuais tanto do Vasco da Gama quanto do Flamengo trabalham com capacidade de público em suas novas arenas acima do necessário podendo colocar em risco suas finanças. A capacidade da Arena ideal para o Vasco é de no máximo 35 mil lugares com revisão nas contrapartidas urbanísticas para não prejudicar ainda mais os moradores do bairro. Sobre o projeto do Flamengo a cidade não suportaria uma arena de 80 mil lugares no terreno do Gasômetro. O ideal seria uma arena de no máximo 45 a 50 mil lugares desde que o clube realizasse grandes contrapartidas urbanísticas na região e que poderão sair muito caro para o clube. O prefeito parece ter conseguido o que queria, agradar as duas torcidas a poucos meses da eleição, mas um urbanista e engenheiro ambiental responsável deveria repensar ambos projetos com estas capacidades atuais e recomendar capacidades de público menores. Ou seja, revisar os projetos atuais seria bom para os clubes e para a cidade. O conceito de cidade maravilhosa estará em risco se não houverem modificações.

Por Mardel Cardoso (58 anos)
Bacharel em C.Computação pela PUC – MG
MIT-Master Information Technology – Fiap-SP
Marketing Esportivo – Uniara – SP
Gestão de Arenas Multiuso – Trevisan-SP
Mestrando em Ciência do Exercício do Esporte na UERJ-RJ sobre o Impacto da Arena MRV sobre os moradores do bairro e Região
Tem 30 anos atuando como Gerente de Projetos e projetos de tecnologia
Foi professor por 10 anos do Ensino Superior em Gestão de Projetos e Empreendedorismo em 4 faculdades em São Paulo
Teve vários planos de negócios finalistas em Fundos Venture Capital
Idealizador do Maior Fórum de Gestão de Estádios e Arenas em São Paulo com 3 edições (2013 a 2015)
Ganhou vários prêmios como CEO de Startups
Atualmente é CEO da Arenaplan

REFERÊNCIAS

AMARAL, Cacilda Mendes dos Santos. Instalações Esportivas Voltadas ao Esporte de Participação:Proposta de Modelo de Processos de Gestão para a Realidade Brasileira. Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. USP,  2019.

CBF. Cadastro Nacional de Estádios de Futebol. Diretoria de Competições/CBF. Revisão 6. CBF, 2016. Disponível em: https://pt.slideshare.net/cassiozipa/cadastro-nacional-de-estdios-do-brasil-2016 Acesso: em 11 de agosto de 2022.

DUARTE, Bruno Cunha. Análise ambiental dos impactos associados à construção do estádio Arena das Dunas no município de Natal/RN. Revista UNI-RN, v. 14, n. 1/2, p. 187–208, 2015.

BONDARIK, Roberto. Copa do Mundo Fifa de 2014 no Brasil: Um drible maroto, desequilibrado e desconcertante nas promessas de legado de um megaevento esportivo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa, 2018.

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REIS, Rômulo Meira. Copa do Mundo da Fifa 2014: gestão e legados da candidatura ao pós-evento. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações. UERJ. Rio de Janeiro, 2017. http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8234 Acesso em: 01 de setembro de 2022.

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